Hipersensibilidade à Malassezia: Mecanismos de reação à levedura

Várias hipóteses podem justificar o quadro clínico de hiperplasia da epiderme e lignificação da dermatite por malassezia. Esse mecanismo pode ocorrer de forma direta ou indireta.

De forma direta, os organismos de Malassezia podem secretar proteínas capazes de agir como fatores de crescimento, e /ou interagir com as moléculas de superfície de queratinócitos, os quais por sua vez, podem conduzir sinais para estimulação de sua proliferação, diretamente, levando ao processo hiperplásico.

Indiretamente, a hiperplasia epidérmica pode ser causada por estimulação da resposta imune pela levedura ou outras doenças subjacentes comumente associadas a malasseziose. Muitas dessas doenças podem causar inflamação e auto trauma, levando a formação de hiperplasia epidérmica (CHEN e HILL, 2005).

A pele tende a responder aos insultos ambientais, ativando o sistema imune cutâneo e aumentando a espessura da pele. O mecanismo de formação tem como consequência a inflamação cutânea, resultado da proliferação crescente de células na camada basal da epiderme, conduzindo a hiperplasia epidérmica, hiperqueratose e liquenificação (CHEN e HILL, 2005).

O mecanismo que explica a interação da Malassezia pachydermatis com o sistema imune em cães é descrito através da seguinte hipótese. M. pachydermatis presente na superfície cutânea produz antígenos que penetram na pele e são capturados pelas células de Langerhans ou pelas células dendríticas apresentadoras de antígenos. Essas células, então, migram até o linfonodo regional e apresentam o antígeno ao Linfócito T através do complexo de histocompatibilidade principal (CHP) molécula de classe II, o qual, em cooperação com citocinas ambientais diferentes, estimulam o Linfócito T helper (Th0), célula precursora para a diferenciação em células Th1 e/ou Th2.

Na resposta Th-1 que seria uma resposta normal do organismo frente a levedura. Citocinas do tipo IL-2 e IFN -y ativam os linfócitos B e ocorre a produção de IgG e anticorpos com a formação de sistema complemento e combatendo as leveduras de malassezia (resposta imune inata).

Como há uma alteração da resposta imunológica em cães atópicos, percebemos uma exacerbação da resposta do tipo Th-2 havendo a produção de citocinas pró inflamatórias do tipo IL-4, IL-5, IL13 e IL31. As citocinas IL-4 e IL-13 ativam os Linfocitos B a se transformarem em plasmócitos e produzirem IgE que por sua vez é responsável pela ativação dos mastócitos através de sua ligação, promovendo a degranulação, e a exacerbação da resposta inflamatória e do prurido já existente. Cerca de 1/3 dos casos dos cães com dermatite atópica apresentam essa disfunção de hipersensibilidade.

A pele desses animais tende a ficar mais espessa e mais oleosa promovendo o supercrescimento de bactérias ("bacterial overgrowth") e fungos ("Malassezia overgrowth"). A hiperplasia cutânea parece estar relacionada a produção de várias enzimas como catalases, peroxidases, hialuronidases, lecitinase, fosfolipases, proteases e uréase as quais são capazes de induzir a liberação de ácido aracdônico pelos queratonócitos e a ativação da cicloxigenase e lipoxigenase na pele, realçando a resposta inflamatória tegumentar. Paralelamente, em cães potadores de dermatite atópica, tais enzimas promovem a produção de IgE a antígenos de malassezia, o que conduz ao agravamento da resposta inflamatória e do prurido.

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