Hipersensibilidade Alimentar


A Alergia alimentar está presente na vida dos animais da mesma forma que se apresenta nos humanos. O instituto nacional de alergia e doenças infecciosas dos EUA ( NIAID) definiu em 2010 a Alergia alimentar como um efeito adverso da saúde decorrente da resposta imune específica que ocorre frente a exposição ao alimento.

Normalmente o que observamos é a intolerância a determinado tipo de alimento. Como por exemplo a intolerância a lactose, resposta farmacológicas a alguns componentes específicos do alimento, e reações a toxinas produzidas por contaminação bacteriana.

Falamos em hipersensibilidade pois remete a sensibilidade do organismo frente a um alérgeno, no caso os trofo-alérgenos (alimento) e como defesa produzimos anticorpos que farão o papel de "combater" esses patógenos que podem entrar em contato e produzir uma "resposta" imunológica.

Os principais trofo-alérgenos são as proteínas que podem ser de origem animal (bovina, peixes, frango) ou não. Outros: a caseína, albumina, e as proteínas da soja/trigo/glúten.

Nos humanos particularmente as crianças apresentam uma imaturidade gastrointestinal e isso faz com que as reações de hipersensibilidade sejam mais presentes nessa fase da vida. "Numeroros trabalhos em medicina humana têm demonstrado o papel patogênico de alérgenos alimentares na exacerbação da dermatite atópica, sendo que 37% a 40% das crianças de até três anos de idade com dermatite atópica moderada ou severa possuem alergia alimentar. Em geral, essas crianças deixaram de ser amamentadas e foram submetidas a dietas com grande variação proteica precocemente." (Farias, 2007)

E como isso acontece?

Quando a pele é exposta a antígenos pela primeira vez ocorre uma resposta primária onde células do tipo T se agrupam como forma de defesa. Numa segunda exposição são produzidos anticorpos antígenos específicos (IgE) que se ligam a molécula dos mastócitos (células responsável pela alergia) e essa ligação Ag/Ac ("cross binding ") provoca a degranulação dos mastócitos liberando citocinas e mediadores pro inflamatórios, como prostaglandinas provocando reação anti-inflamatória em diversas regiões como pele causando dermatite alérgica, nas vias aéreas causando asma/bronquite alérgica, trato intestinal causando diarreia e vômitos. Quando essas vias são ativadas denomina-se "marcha atópica".

Hipersensibilidade em cães e gatos

Normalmente os primeiros sinais da hipersensibilidade alimentar em cães surgem antes dos 3 anos de idade e não há prevalência entre fêmeas ou machos porém algumas raças são mais predispostas como o Boxer, pastor alemão, pug, cocker spaniel, Collie, Dálmata, Shinauzer miniatura, Dachshund, West Highland White Terrier, Sharpei e Labrador. Estima-se que 30% desses cães apresentem hipersensibilidade alimentar podendo apresentar sintomas dermatológicos, gastroentéricos ou uma combinação de ambos, em até 48h após a ingestão de alimentos.


O prurido que acomete cães e gatos é o primeiro sinal da alergia. E é considerado não sazonal, crônico, perene, primário, intenso e responsivo a corticoides. Ou seja pode acontecer em qualquer época do ano. As lesões geralmente se localiza em regiões de face, pinas, área perineal, dorso lombar e patas. As lesões primárias são eritema intenso (vermelhidão da pele) e erupções papulares. Posteriormente alopecia (perda de pelos), escoriações, crostas, liquenificação e hiperpigmentação (pele grossa e escura). Alguns animais apresentam otite externa crônica bacteriana (Infecções de ouvido). Doenças secundárias podem estar envolvidas na alergia alimentar como piodermites superficiais (foliculite), infecções fúngica por leveduras(malassezia), pododermatites (Infecção bacteriana na região interdigital (patas) furunculose perianal, e desordens disqueratóticas (seborréicas). Em felinos as reações cutâneas comuns são a alopécia auto-induzida, dermatite miliar, e lesões do complexo eosinofílico felino. Alguns gatos desenvolvem uma dermatite esfoliativa, caracterizada histologicamente por uma foliculite mural linfocítica. Outros sinais não pruríticos incluem angioedema, urticária e conjuntivite. Distúrbios gastrointestinais estão presentes em 10 a 33% dos casos

Segundo alguns autores o principal sinal clínico da hipersensibilidade alimentar é a OTITE EXTERNA CRÔNICA. E existe uma hipótese que cães com dermatite atópica induzida por alimentos são mais predispostos a infecções secundárias por malassezia, devido a supercrescimento microbiano na pele desses animais.

Em cães o processo envolvido pode ser mediado por IgEs ou não, ou seja pode ser alérgico ou não alérgico. Quando o alimento induz a dermatite atópica dizemos que dermatite atópica lato sensu, se a dermatite atópica é induzida por alérgenos ambientais denomina-se então dermatite atópica stricto sensu.

Para diagnosticar esse distúrbio, as doenças parasitárias, infeciosas, distúrbios seborreicos, doenças auto imunes, distúrbios endócrinos devem ser descartados. A própria dermatite atópica pode mimetizar a hipersensibilidade alimentar. Dessa forma é importante que o profissional tenha todas as ferramentas necessárias para diferenciar a hipersensibilidade alimentar da dermatite atópica lato sensu, para isso são feitos planos alimentares para cada indivíduo durante um tempo especifico.

A exclusão alimentar é feita com uma proteína original, ou seja, ou algo que o cão ou gato não tenha ingerido antes, ou ainda que foi exposto por pouco tempo. Rações hipoalérgicas e/ou dietas caseiras podem ser estabelecidas como forma de tratamento. Geralmente as dietas são feitas por um tempo de 6 a 8 semanas, após isso a dieta anterior é refeita para animal de forma a verificar se o mesmo apresenta sinais de alergia ou não a determinado alimento.

Lembrando que assim como outros tipos de alérgenos ambientais, microbianos ou irritantes primários, os alimentos são fatores que precipitam os sinais da DA em cães e na maioria dos casos o diagnostico final é esse.

"É de extrema importância que alertemos nossos proprietário para que evitem petiscos, alimentos caseiros, e qualquer outro tipo de agrado que esteja fora da dieta do seus Pets. Certos tipos de alimentos podem ser prejudiciais à saúde do seu cão ou gato, além de precipitarem processos alérgicos. Consulte sempre um profissional veterinário para informar quais alimentos podem ser oferecidos e quais devem ser evitados!"

Dra Luciana Lousada

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